1. |
impermanência
03:06
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[verso 1]
dizem que devia ser assim, assado, dizem
que tudo passa, até o que é bom e belo (pasmem)
ouvi dizer que tinha que ser de um jeito tal (estável)
mas o provável é que tudo está à deriva do caos (argh)
floresta que vira deserto (água)
cidade que cresce gigante (fogo)
do concreto brota uma árvore (terra)
estrela que morre a cada instante (vento)
transiente, evanescente, impermanente e inconstante (muda)
no ciclo da evolução nem todo carvão brilha diamante (busca)
insistente, efervescente, onisciente, um deus errante (eu)
no que posso confiar até minha morte estar adiante? (uhm)
os bosques de Lumbini (Nepal)
são porches e lamborguinis (que tal?)
que o poste nos ilumine (neon)
trocamos estrelas por deuses do cine (mal)
o apego faz sofrer porque nos vendem que existe o pra sempre (sempre)
não enxerga as peças movendo, vendado acaba com a mente doente (tchau)
parece um ente seguro mas a Terra alterna correntes (anitya)
cadeados não prendem serpentes, irreal é aquilo que sente (vedayita)
impermanência cobra seu preço (caro)
tempo presente: só um recomeço (passo)
quando o corpo é casca vazia (padece)
todo apreço ao momento dissipa (esquece)
no segundo que se forma
é inevitável que se quebre (Bion)
o profundo gelo eterno
se derrete como neve (verão)
todo ser que nasce
renasce outra vez no futuro (samsara)
talvez em outra parte
outro universo, em outro mundo
da esfera inanimada
até a fina crosta acabada (pedra)
da fuligem da origem (bang)
tudo que sobra, é: nada
[interlúdio: Eurus Holmes]
emotional context, Sherlock. It destroys you, everytime.
[verso 2]
o nada impresso em tudo
a briga dos mares
manada com fome em seus muros
abriga quem mata
desejos são tão obscuros
a faca amolada
fraquejo sem fé se faturo
traíram seus pares
[ponte]
antigo planeta sujeito a mudança
os porcos são frutos da sua lambança
dançando lambada com rica herança
em breve obedece e apodrece na lama
voa pra longe a areia de cor
sabe de que cor que morreu quem nadou
chamou de imutável a chama, errou
a ilusão do estável que o vento ceifou
[verso 3]
vulnerável, sem roupa, sou nude (mais um)
perdido no espaço
me sento, incenso me ilude (mais um)
me cego aos fatos
me isento, eu digo “se foda” (uhum)
e nego a mim mesmo
o passado me acerta em cheio (sinal)
acabou o recreio
ignoro e saio cantando (é...)
busco o fim do receio
anseio por novo tempero
que não aumente meu peso
um sucinto sabor meio azedo
mas sou limão inteiro
sinto um ardor desde cedo (arde)
que não cabe no peito
sabe suas grandes ideias? (um gênio!)
nunca serão reais
agora que parou platéias (parabéns)
tá ancorado no cais (e vê)
que tem gente que vem e que fica (e tem gente)
que vai pra nunca mais
chega o trem da partida
(…)
[outro: Dr. Walter Bishop]
I’ll never be the man I was. But I’ve come to embrace those parts of my mind that are peculiar and broken.
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2. |
bravo!
02:55
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[intro: Dr. Brené Brown]
shame drives two big tapes: “never good enough”, and if you can talk it out of that one, “who do you think you are?”. Shame is that thing. And if we can quiet it down and walk in and say, “I’m going to do this,” we look up and the critic that we see pointing and laughing, 99 percent of the time is who? Us
[verso 1]
o agravo da jura que te fez palhaço (tolo)
bravo! postura de ser pedaço (bolo)
sargaço mar, de brinde um cascudo (duro)
beber gargalhada é o melhor escudo (burro)
tiro no escuro em ti ricochete
cisco imaturo de cego é enfeite
circo deserto, me nego o deleite
riso inútil oferto em banquete
o tapete puxado em si foi um soco (paf)
a história contada difere um pouco (puf)
baixou a fumaça, percebe o sufoco (putz)
e se parar pra ver nunca pensou no outro (paia)
tampouco se importa se estraga ou humilha (pisa)
se mata seu ego, se opaca quem brilha (fosco)
coloca a adaga, metal que fervilha (fosso)
parabéns por lavar toda a louça da pia (pia)
[ponte]
rumina ou mastiga, só sabe quem trava
empaca na vida, mudez que se agrava
uma dor ardida, quem antes berrava
hoje só fala através do que grava
fala o que sente, se pá que se aplaude
quizá que se vaia, sei bem da sua fraude
o mundo é nervoso, você que se acalme
seguro que agora o corte é na carne
[verso 2]
e parte pro Sol se a luz te ofusca
parte do trauma foi porrada brusca
gatilho destrava a memória na nuca
nunca se esquece daquela arapuca
na busca eu vi o que ninguém vê
também vejo muito, me chega a doer (doí demais)
isso aqui meu senhor é um rap de amor
nessa carta há rancor pelo meu traidor
tumor que aumenta, ouve meu pesadelo
roubaram o seu sonho, louve a modelo
me deram emprego: de touro em rodeio
preso ao áspero laço que tanto odeio
não tenho pelego, a queda é dura
direto no arreio, aguenta a fratura
fatura foi cara, arrêgo ou doçura
perfura meu peito sem dó nem costura
fissura que fica, conserta o que vale
põe numa lista aquilo que arde
jogue no mar sem muito alarde
alerte a todos quem doma é covarde
pra mim já é tarde, sobraram olheiras
secaram a água, respira a poeira
rezar com os ratos resulta em rasteira
e promessas rasas garantem a ga-ga-gagueira
[outro: Edith Piaf]
la foule aux grandes mains
s'accroche à ses oreilles
lui vole ses chagrins
et vide ses bouteilles
son coeur qui se dévisse
ne peut les attrister
c'est là qu'ils applaudissent
la vie qu'il a ratée!
pour ta femme infidèle
bravo! bravo!
et tu fais la vaisselle
bravo! bravo!
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3. |
perspectiva
03:28
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[intro: Dr. Walter Bishop]
typically you’d feel the effects of the drug in 30 to 45 minutes… but I’ve added an accelerant!
[verso 1]
no impacto, moveu
parto, neutrino de que se fez colisão
de decadência cresceu
fracas relações, urgência: cognição
de deuteronômios a Democritus
palavras ditas são átomo apócrifo
pessoas elétron
ou estão aqui ou não existem num ato inóspito
núcleo, inacessíveis
moléculas combustíveis são fósseis da Terra
terremoto fez serra
cadeias que libertam o novo ar que encerra
um ciclo, carbono
sou parente da árvore porque como açúcar
e após resmungo
que alguém quer sugar a luz que comungo
infelizes propostas
qual a frequência do canto dos pássaros?
harmoniza indispostas
será resultado de equalizador dos mais raros?
cheio de respostas
tal qual o vento, onda molda o impacto
cicatrizes expostas
as camadas na rocha são seu porta retrato
encosta desliza mas sigo aqui
se no permiano não morri é que sou vaso ruim
e foi pra isso que eu vim
receber e aumentar o espectro jardim
reciclando sou cupim
percebo o meu tamanho me entendo como humano
universo jasmim
por fim vejo galáxias em meu olho castanho
[outro]
não sei onde estou
só sinto gravidade
não sei onde estou
e se quero saber a verdade
não sei onde estou
só sinto gravidade
não sei onde estou
e se quero saber a verdade
[interlúdio: Astrid Farnsworth e Phillip Broyles]
- what you’re feeling right now, it’s just the effects of the LSD
- no! It’s infinite. It’s all around us
[verso 2]
o cheiro pungente do espaço
num beijo ardente, compasso
em nossa fusão, liquefaço
mas sinto que o ar é escasso
gravidade se ausenta (vês)
me lembra gargantua (fez)
a chance da vez (vez)
ausência de luz (soez)
o passado na estante de livros (morse)
a poeira no chão que aconselha
o chamado distante que brilha (distorce)
galáxia quando emparelha
murphy me fala a verdade (murphy)
flutuo e me encontro perdido
me salva, me espera em saturno (yank)
eu tenho um relógio bendito
tão longe de casa (though)
tesserato avançado (beau)
efeito de doppler (fizeau)
singular horizonte (glow)
expansão do universo (vesto)
me guio por hubble (flow)
emissão em reverso (verso)
emito frequências (low)
[bridge: Olivia Dunhan / Dr. William Bell]
oh, we’re all held together by magnetism
[verso 3]
não existem pessoas
é tão solitário
o espaço é um frio
que corta, isola e machuca
é tudo tão amplo
eu sou bem pequeno
um grão de poeira terreno
chovem safiras
rubis, diamantes
não matam a sede
que arde, que fere constante
inquietude de ver
um breu, tudo escuro
uma versão de mim mais maduro
no estômago um sol
me queima por dentro
luas me orbitam
mas se vão cada uma em seu tempo
mundos de gelo
passam tão rápido
um cometa que deixa seu rastro
vida se manifesta
de maneiras estranhas
planetas hostis
que expulsam quem ousa a barganha
que pede migalha
que perde a nota
que vibra frequência que toca
minha alma respira
porque há lugares
onde meus olhos brilham
apesar de explosões nucleares
pulmão ainda apanha
o pouco que ganha
sufoca por suas entranhas
o vazio aumenta
mas o peito aguenta
uma mente turquesa
pede amor e seu brilho magenta
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4. |
tempo-espaço / lua
03:35
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[parte 1 - tempo-espaço]
[intro: Dr. Carl Sagan e Professor Kip Thorne]
- it turns out that there is something very strange about the speed of light. Something that provides the key to our understanding of time and space
- I want to talk about space-time
[verso 1]
dilata meu corpo, se expande (LIGO)
levante minha alma que brande (migo)
absorto em sonata da brava (fico)
abrande a ressalva da calma (aí tem)
métrica espaço e tempo (Einstein)
energia colide por dentro (núcleo)
elétrica dança binária (vem)
a fonte de vida se mostra precária (binária)
cygnus x1 (rush)
sítio de evento horizonte (hole)
sentimento x9 enceladus (push)
pulsar girando ao meu lado (vangelis)
Einstein, anéis (ouro)
singularidade em seus pés (TARS)
supernova é meu peito que implode (gira)
a água perdida de algum asteróide (cinto)
[verso 2]
nebulosa atravessa meu corpo que emite energia mais velha que o centro quasar
irregular (phoebe)
ironizar (phobos)
tudo que volta naquele lugar se esconde mantendo a ordem tsar
sedimentos (sedna)
fragmentos (eris)
o bóson de higgs e o giro completo, arquiteto palhaço é um bozo do espaço
massa criada (nada)
foi transformada (fala)
de longe eu vejo a nuvem de oort mas ando perdido entre o leste o norte
sigo em queda (livre)
v77 (vive)
não tenho tamanho, já nem sei meu nome, me sinto estranho e revira o abdômen
me estica (tica)
se duplica (isca)
quanto mais longe mais quero meu ego, triptamina aparece e então desapego
DMT (endógeno)
bendito MD (erógeno)
confundo o universo com meus sentimentos e cego os sentidos à sua presença
experiência (fica)
e a ciência (explica)
escura matéria fluindo em artérias, noturno oráculo, em sonhos Astéria
apolo (explora)
isola (ignora)
entrei por um lado e sai pelo outro, conheço esse canto desde outro sufoco
colisão (neutron)
condução (meio)
música de outro planeta que expressa o mesmo que a minha caneta
se flutua (escorre)
enquanto a lua (move)
[bridge]
- strange, otherworldly music. Unlike anything the astronauts have ever heard
[parte 2 - lua]
[intro: astronaut Gene Cernan]
- the music even sounds outer-spacey, doesn’t it? You hear that, that whistling sound? Whooooo….
[verso 1]
a dança, theia e gaia (lava)
selene, escura
orbita minha casa (Terra)
dante, do lado distante (brasa)
cratera carbura
e explode incessante (vulcão)
brincando em pilha de areia (nada)
todo arrebentado
buracos na veia (kurt)
meu rádio que não comunica (falha)
aqui do outro lado
paládio estrumbica (chakra)
[verso 2]
aitken, polo do sul em seus trilhos (desvio)
bacia gigante, azul e seu brilho (brilho)
galileo galilei, quem sabe que ensine (cine)
luna 3 é a base, kintsugi em cassini (mire)
pensa que sabe da lava que cobre (cobra)
hollywood controla, se grava, encobre (cobras)
chapéu de alumínio protege quem vê (você)
meu lado obscuro me rege à mercê (não vê)
[verso 3]
adrenalina me expõe como pérola, brilho
caminho se impõe como férula, trilho
germina em poeira, eu renasço, vivo
grãozinho de areia no espaço, derivo
como se na vida o lazer mais saudável (fosse)
fosse se arriscar como pessoa tão instável (tosse)
mesmo que ardida essa meta é palpável (pode)
endosse o abrandar de um astro indomável (implode)
melhor recomeço é através da grande queda (cai)
falhar na doação e não cruzar as paralelas (trai)
criar um flow errado e acabar pisando em merda (sai)
realinhar humor blindado, não ter roxo na canela (ai)
nada é perdido, tudo é transformado (shpongle)
o risco foi corrido, recomeço foi lombrado (xaina)
a lua em seus ciclos e eu na sombra bem arisco (gato)
já pensando em trovão quando aqui só cai chuvisco (mato)
é sempre mais escuro antes do amanhecer
sempre mais profundo antes do ascender (aos céus)
é sempre um silêncio antes do alvoroço
quando aquele gosto bom se revela tão insosso
[outro: astronauts Thomas Stafford e John Young]
- boy it got quiet. Didn’t it?
- well. actually I don’t know what the hell that was, babe
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5. |
nunca
02:50
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[intro: Dr. John Watson]
- I know this is difficult and I know you’ve been tortured… but you’ve got to keep it together
[verso 1]
tudo que vai (nunca)
segura sua onda que a queda é profunda
tudo que vai (nunca)
junta seus cacos que o ouro inunda
conta comigo (nunca)
quem viu que de perto a maldade abunda
monta abrigo (nunca)
pra quem vê de cima a vaidade circunda
se isola do mundo (surta)
murta no peito, alívio na fuga
se atola no fundo (surta)
surfa no barro imundo que suga
a cara a tapa (toma)
tropeça, apanha até da própria sombra
seu corpo é de lata (toma)
dilata, pressão exorciza o que assombra
[verso 2]
meu blues é escuro, sedento e com frio
sedado por meses, pressão e nervoso (fosso)
com o medo de escudo, cinzento arrepio (fosco)
soldados chineses, tibet pega fogo (covardes)
angústia é guitarra que queima no palco (jimmy)
pra melhor amiga sobrou gasolina (fire)
lamúria é amarra com a qual me desfalco (time)
grande ruína arriou as cortinas (fede)
a boca que puxa revela o amargo (arrr)
banana da bruxa fez belo estrago (trago)
lembra que eu disse que não tem afago (nunca)
e com qual substância melhor me embriago (nuca)
faço loucuras por quem me fulmina (fumo)
quebro parede, um trem que abomina (ghost)
fecho a janela e só vejo a neblina (densa)
pulei de cabeça do alto colina (pena)
[ponte]
do buraco negro ao buraco de coelho (conejo)
prossigo caindo e abaixo há um espelho (alice)
deslizo adentro caverna escura (morcego)
no centro da terra se fez a fissura (liedenbrock)
bem firme no chão e uma chuva do oeste (morna)
que leve, que lave a raiva que reste (rest) (RIP)
embrutece aos novos carinhos que surgem (creep)
a queda amortece se aos pés formam nuvens (peace)
[verso 3]
se brilho, sou ouro onde surge tesouro
kintsugi no couro, do omen, agouro (agora)
durei, diamante, em bad constante (já era)
do sol em minguante que oculta gritante (aurora)
abra seus olhos, estou bem aqui
apesar da lanterna eu também me perdi
apesar desses cortes eu sigo em pé
depois de ouvir forte anjo em má fé
abra seus olhos, estou a seu lado
também posso ver o tamanho do estalo
também posso ver adiante uma estrada
estrela de aquário em marte alinhada
abra seu olhos, estou aqui fora
fora da bolha, sua casa de outrora
aurora de um dia real e mais vivo
cantando e pulando sem muito motivo
abre seu olhos e limpa a remela
sobra de sonho que tanto flagela
limpa o rosto, passou o sufoco
respira bem fundo que logo vem outro
[bridge: Sherlock Holmes]
open your eyes. I’m here! You’re not lost anymore
[outro]
da liberdade eu quero todas
pro que passou, um belo fodas
esses metais que me aliviam
derretidos que ardiam (não arde)
da cidade quero alcance
na roça sou gigante
do concreto faço andaime
na floresta eu digo daime
várias vezes à esquerda da entrada do inferno
vislumbrei em estéreo um paraíso pós moderno
frente aos problemas você mesmo intervém
ciente que não dá pra contar com ninguém
nunca
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